Em contexto bélico, alguns humanos achavam que os corpos dos cadáveres nas ruas (haviam mortos humanos, embrulhados e identificados pelo trabalho dos voluntários), ficavam "jogados para os animais famintos comerem". Mas, a verdade é que, ao contrário do temor de alguns sujeitos, os cachorros não apresentavam comportamentos violentos e não comiam carniça humana, diferentemente do pensamento que rondava a população, na tentativa de interpretar a magia noturna, momento em que "as coisas mudavam de lugar". é que à noite, de fato, tudo mudava: a cidade ficava sombria e tudo era diferente. Omar fez uma analogia com a nossa idéia de bicho papão ou chupa-cabras...
Naquele contexto da noite, onde "todos os gatos são pardos" , não se distinguia humanos de animais e a violência entre os homens era, assim, projetada aos cachorros.
Em Moçambique, o combate da intensa exploração dos negros pelos brancos colonizadores era transposta para outras espécies: na rebeldia, vacas brancas e gatos brancos eram mortos, justamente por seres brancos. Assim como em uma série de outros contextos humanos, a chamada "zoomorfização" (termo antropológico) também aparece. Podemos pensar, quem sabe que isso que os antropólogos chamam de zoomorfização, ou seja, a percepção de que a "animação" ou "animalidade" seja algo comum entre homens e animais, na verdade, seja uma capacidade humana de reconhecer no animal algo que temos em nós (ou vice-versa)...
Omar também citou ainda obras nas quais, em contextos e guerra, refugiados judeus eram acolhidos pela população humana tanto quanto os animais domésticos que eram abandonados em tempos de guerra. [alguém anotou o nome das obras?] Assim, a solidariedade era vivida tanto entre humanos quanto entre estes os animais com quem compartilhava o espaço social.
Estávamos em um grupo pequeno, então fizemos uma roda de conversa, bem proveitosa e com intervenções, perguntas e frutas (pêssegos e ameixas compuseram o cenário). Um colega do Omar, Sebastiao Nascimento, complementou sua palestra, o que enriqueceu a conversa. Sebastião disse-nos, por exemplo, que em momentos de suspensão de direitos, os animais eram tratados como os humanos, ou seja, recebiam as mesmas violações. Esse fato apenas reafirma a idéia de que violência é sempre violência, não importa quem a receba...
Um comentário:
Gostei demais de todas as idéias e dos eventos!!! Sucesso a todos!!!
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